Anos passam e as dores aparecem

Falando sério. Estou cansado daquelas piadinhas do tipo “é problema de junta”; “é a velhice chegando”; “meu mal é o DNA”. Freud já falava que o homem é determinado pelo ambiente em que ele vive e, sendo assim, vemos a cultura de academia fazendo cada vez mais vítimas.


De fato, longos anos de treinamento representam um volume de stress físico que o corpo acabava reconhecendo como desgaste, principalmente se pensarmos que a prática de exercícios controlada e bem orientada, via acompanhamento personalizado de exercícios por educadores físicos, é algo muito recente.

Hoje, vemos o resultado de anos e anos de “treinamento” em que o esforço/sobrecarga feito não necessariamente estava adequado às capacidades físicas, equilibrados biomecanicamente ou sustentados por recursos nutricionais específicos que obedeciam a um planejamento fisiológico e anatômico das adaptações que eram cultivadas a cada novo dia. Em outras palavras, exercícios praticados de forma aleatória, sem controle, planejamento ou acompanhamento.

Ao lembrarmos de falar dos recursos nutricionais que dispúnhamos na época temos: albumina, maltodextrina, proteína de soja, levedura de cerveja. Hoje, temos muito mais a nossa disposição. Algumas marcas americanas dispõem de um arsenal de mais de 230 produtos diferentes destinados a prática do bodybuiding.

E quer saber? Suplementar é necessário. Nutrição é, antes de qualquer coisa, saúde, e saúde nada mais é que a adequação entre demanda e oferta. Sim, na vida normal falamos oferta e demanda, mas no bodybuilding acredito que o mais correto seja falarmos na ordem inversa, pois a demanda nós criamos para correr atrás da oferta em ordem de buscar o resultado em vez de tentarmos adequar com exercícios o volume de alimento que consumimos. Deu para entender? Você tem de comer de acordo com o que treina, assim você planeja o resultado. Se deixar para treinar de acordo com o que come, nunca vai sair do lugar, pois correrá atrás de compensar os “estragos” que sua vontade fez.

Existe ainda a parte fundamental que é a da recuperação do treino e preparação para o próximo. Um Rodolfo Peres, Gustavo Pasqualotto ou uma Mariana Klopfer, quando fazem uma dieta para um atleta, programam a forma mais rápida de recuperação para que o atleta possa gastar tempo para se preparar em ordem de treinar mais intensamente ou maiores volumes em condições ideais o quanto antes.

Assim, quem treina mais ganha mais e a nutrição aplicada faz com que o resultado seja melhor, maior e mais duradouro, sem falar no aspecto preventivo de lesões. Parou para pensar que quem se recupera mais rápido e se prepara melhor tem um músculo e um tendão mais forte e, assim, acaba tendo menor risco de lesão? E quem possa ter feito uma micro-lesão acaba tendo uma recuperação total precoce porque tem a disposição quantidade de proteína para reparo e carboidrato para atender a necessidade metabólica desse reparo que fazem com que este se processe mais rápido? Esqueça da nutrição que você verá onde é que você vai acabar.

Assim, é fácil imaginar que estruturas ligamentares, musculares e tendinosas possam estar lesadas após submetidas anos a fio aos estímulos de tensão e distração sem, necessariamente, a utilização de técnicas adequadas de treinamento, restabelecimento e reparação, adaptação e preparo em nível de treinamento e nutrição. Não é mágica que hoje tenhamos o pessoal que treinava pesado, na década de 80 e 90, se queixando.

Mas, vamos separar o joio do trigo antes de dar dicas para vocês não se arrebentarem com os pesos.

Quem tinha uma rotina de exercícios e parou, passa por um período de “destreinamento” e em alguma fase da vida, evidentemente, terá seu corpo se comportando novamente como um organismo sedentário, e irá, dessa forma, se queixar dos problemas mais comuns que atingem as pessoas que sofrem de carência de musculaturas ou alongamentos em determinados setores específicos do corpo, aqueles mais sujeitos a transtornos biomecânicos. O que tiramos de lição disso? Que Atividade Física está para o bem estar do corpo assim como a escova de dentes está para a saúde bucal: se parar de escovar os dentes, eles vão ter cáries, apodrecerem e cair.

Se você parar de fazer exercícios, o efeito benéfico da atividade física vai embora. Então não me venha mais com aquela conversa: “mas eu fazia tanto exercício quando era mais moço! Como isso pode estar acontecendo?”

Quem nunca fez absolutamente nada e ficava se gabando de que tinha genética boa já que seus avós e pais nunca tinham apresentado nenhum problema de saúde cuidado! O nível médio de atividade física das pessoas e seus hábitos alimentares mudaram muito: ficamos a maioria do tempo sentados, andamos muito pouco, praticamente não fazemos força para nada – vivendo num mundo em que tudo está ao nosso alcance ou quase – e o padrão alimentar cada vez mais industrializado, cada vez mais gordura, conservantes, acidulantes, menos vegetais, mais carboidratos e gorduras, menos proteínas, mais apelos para snacks em vez de refeições e o boom dos fast foods. Genética é fogo, vai pensando que está livre, vai.

Quem fez muito exercício e se gaba de feitos hercúleos muito provavelmente se detonou nessa época. Lembrem-se senhores que a informação hoje é farta, mesmo a informação porcaria sem referência que conhecemos, mas que já é alguma. Foram-se os anos de quanto mais melhor e em que no caso de lesão, se devia treinar menos, mas nunca parar. Ai, meus tendões. Ai, minhas articulações.

Treinei nessa época, aliás, assisti Chaves na hora do almoço antes de ir para academia, coloquei o walkman amarelo da Sony, que era a prova d’água, para escutar “How do you do”, o mais novo sucesso do Roxette em fita, e tomei aquelas Megamass 10.000 que eram pura gordura para fazer altas calorias (e tempo de digestão infinito fora os problemas aéreos que causavam, mas que não vamos entrar em detalhes).

Sigam meus conselhos:

- Tenha um treinador pessoal, mesmo que seja só para te ajudar nos treinos mais pesados e para te avaliar a cada período;

- Siga uma metodologia de treino que ele te passar;

- Prepare-se adequadamente para o treinamento: evite treinar machucado, faça alongamentos fortes antes do treino e leves depois, faça os exercícios em sua amplitude máxima e desenvolva habilidades concorrentes ainda que seu treino privilegie um tipo de adaptação;

- Tenha um nutricionista especialista em nutrição desportiva e que, de preferência, não trate nutrição como política: sou contra isso, a favor daquilo. Nutrição é adequação de demanda, disponibilidade, qualidade, índice e carga glicêmicas, ação gastroendócrina, dinâmica digestiva tempo de absorção, capacidade de reparo e adaptação. É difícil. Não é lendo o pote do suplemento que você já sabe o que fazer.

- Faça o que foi proposto. Depois de tudo isso ficar fugindo do planejamento é falta de juízo.

Isso é pra começar. Depois que estiver andando e estas coisas soarem como rotina para você, aponte para o céu, porque senão nunca vai subir ao degrau seguinte.

Fonte: superperformance.blogspot.com

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