Se eu estivesse escrevendo este artigo no início da
minha carreira,
certamente me preocuparia apenas em apresentar as características de
cada suplemento disponível no mercado, tentando descrever a melhor
combinação entre eles. Mas hoje, após anos de experiência clínica,
reconheço que estava errado.
E garanto que não é raro encontrar
estudantes, profissionais ou praticantes de musculação em busca da tal
"combinação mágica". Mesmo em estudos
muito bem fundamentados, desenvolvidos em universidades renomadas,
percebo que a individualidade biológica não recebe a devida importância.
Por essa razão, não esperem uma "receita de bolo" para o
pós-treinamento. Muito menos uma combinação de suplementos que irá
favorecer todas as pessoas, sem considerar suas diferenças metabólicas,
níveis e intensidade de atividade física, e suas rotinas alimentares.
Minha ideia com este artigo é fornecer dicas práticas de combinações,
levando em conta algumas características gerais. Essas dicas não
substituem o acompanhamento individualizado com um nutricionista.
Lembrem-se: uma ótima suplementação pós-treino não terá nenhum valor se
as demais refeições não foram adequadas às suas necessidades.
Como
regra geral, sabe-se que a combinação de carboidratos e proteínas é
sugerida logo após o treinamento. Na fase pós-treino, nosso organismo
precisa recuperar os níveis de glicogênio (reserva de carboidratos) e
começar a garantir o processo de síntese proteica. Portanto, quanto
antes conseguirmos otimizar essa recuperação, maior será a evolução do
esportista/atleta diante de seus objetivos. Para indivíduos iniciantes,
uma refeição contendo alimentos fonte de proteínas (peito de frango,
carne bovina magra, peixe, claras de ovos) e alimentos fonte de
carboidratos (arroz, pães, macarrão, frutas) já seria o suficiente.
Agora, na medida em que o treinamento se torna mais intenso, a ingestão
de nutrientes com absorção mais rápida passa a ser interessante.
Podemos afirmar que, nesse caso, o uso desses nutrientes em pó (suplementos) seria mais efetivo e prático.
Podemos iniciar a suplementação pós-treino com uma combinação de
proteína de rápida absorção (whey protein) com um carboidrato de rápida
absorção (dextrose, maltodextrina, suco de fruta ou waxy maize).
Recomendo sempre o uso de uma whey protein com qualidade,
preferencialmente isolada ou hidrolisada, conforme a condição financeira
do paciente. Quanto ao tipo e a quantidade de carboidratos, procuro
individualizar de acordo com a resistência insulínica de cada um (dado
obtido por meio de exames laboratoriais). Quando observo uma ótima
resposta insulínica, costumo usar dextrose e maltodextrina, por exemplo.
Já em pacientes com maior resistência insulínica, prefiro usar waxy
maize.
O uso de whey protein é unanimidade quando se fala em
shake pós- treino, mas também podemos utilizar outros tipos de proteínas
nesse momento. Pessoas alérgicas à proteína do leite podem utilizar a
proteína hidrolisada da carne, suplemento disponível no mercado já há
algum tempo. Esse produto dispensa o uso adicional de creatina, pois já
possui altos níveis dessa substância.
Vários atletas têm utilizado -
e muitos pesquisadores têm defendido - uma proteína de absorção lenta,
em conjunto com a whey protein pós-treino. Neste caso sugere-se a
caseína, na proporção de 30% para os 70% restantes de whey protein.
Quanto mais intenso se torna o treinamento e maior a proteólise (dados
também observáveis por meio de exames laboratoriais), podemos "turbinar"
a suplementação. Recomendaria como terceiro suplemento, o uso de BCAAS
(aminoácidos de cadeia ramificada). A whey protein já fornece boas
quantidades de BCAAS, sendo que uma suplementação adicional com esses
aminoácidos seria recomendada apenas para indivíduos em treinamento
avançado. Um terceiro passo seria a inclusão de glutamina, outro
aminoácido também presente na whey protein, portanto, seu uso só será
indicado para pessoas que praticam atividade física de grande
intensidade. Ainda para treinamentos intensos, recomenda-se o acréscimo
de antioxidantes, tais como vitamina C, pycnogenol, resveratrol, entre
outros. Os antioxidantes vão auxiliar na redução do estresse oxidativo
após atividades com grande desgaste físico.
Uma dúvida que
sempre observo na elaboração do shake pós-treino, é quanto ao uso de
creatina. Algumas pessoas preferem utilizá-la no shake pré-treino,
enquanto outras a utilizam no shake pós-treino. Minha recomendação é
sempre utilizar a creatina (quando esse suplemento é recomendado, ou
seja, quando se objetiva ganho de massa muscular e/ou força), no shake
pós-treino. Neste momento, sua capacidade de absorção será maior. Não
vejo necessidade de usar creatina no shake pré-treino, pois seu efeito é
crônico, não agudo. Ou seja, não é no exato momento em que se ingere a
creatina que você se beneficiará com seus efeitos, mas sim após um
período contínuo de uso. Recomendo também o uso de creatina em uma
refeição rica em carboidratos (desjejum, por exemplo) nos dias em que
não houver treinamento.
Muitas pessoas também têm dúvidas
sobre a necessidade de usar o shake pós-treino se, logo após a
musculação, for feita alguma atividade aeróbica. Eu sempre sugiro o uso
do shake após o término de todas as atividades. No entanto, caso a
atividade aeróbica, pós-treino com pesos, tenha uma longa duração (acima
de 30 minutos), o uso de BCAAS entre as atividades é uma ótima
alternativa para evitar o catabolismo muscular (caso o objetivo do
aeróbico seja "queimar gordura"). Agora, se o objetivo do aeróbico for
"performance", sugiro o uso de um carboidrato (waxy maize ou
maltodextrina), em conjunto com os BCAAS. Se a duração for superior a 30
minutos, recomendaria o uso de um repositor energético/eletrolítico.
Como toda regra tem sua exceção, muitas vezes me deparo com alguns
casos que exigem outro tipo de suplementação pós-treino. Pessoas com o
metabolismo extremamente lento, com muita facilidade de desenvolvimento
muscular, mas com dificuldade para perder gordura corporal.
Nestes casos, a ausência de carboidratos no shake pós-treino, ou até
mesmo o uso de óleo de coco como fonte energética, pode ser uma medida
interessante. Muitas vezes, chego a sugerir apenas o uso de BCAAS e
glutamina pós treino.
Os horários de treinamento também geram
dúvidas e interferem na indicação de shakes pós-treino. Para quem treina
no horário do almoço, por exemplo, recomendo sempre dar preferência
para a refeição sólida. O uso apenas de BCAAS, logo após o treino e
antes do almoço, é uma boa medida. Quando se tem 10 ou 20 minutos entre o
treino e o almoço, um shake contendo whey protein e waxy maize, poderia
atrapalhar o apetite. A mesma recomendação vale para quem treina à
noite, poucas horas antes de dormir. Dê preferência para a alimentação
sólida. Se a pessoa não sente fome entre o fim do treino e a hora de
dormir, sugiro o uso do shake, mas com cerca de 70% da ingestão proteica
sendo proveniente de caseína e os 30% restantes de whey protein. O waxy
maize seria o carboidrato sugerido nesse caso específico.
Entender a ação e as propriedades dos diversos suplementos é fácil!
Difícil é adequar a correta suplementação para cada pessoa, de acordo
com seus objetivos e peculiaridades. Por isso, a necessidade de sempre
procurar um nutricionista. Somente esse profissional terá o
conhecimento adequado para elaborar o melhor programa alimentar (e de
suplementação) de acordo com seus objetivos e características.
Fonte: rodolfoperes.com.br
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